Canecas, copos, potes, panelas, enfim, qualquer coisa vale. O conteúdo também pode ser aquilo que está disponível na sua casa. Eu separei: feijões, arroz, argilas, carvões, barba-de-bode, dois tipos de flores, cascas de ovos, avelãs, farinha de trigo, farinha de mandioca, serragem, conchinhas e sementinhas que recolhemos na rua. Um super “kit cinco sentidos” elaborado com canecas de bambu que estavam guardadas desde outros carnavais.
A ideia principal e simples era que o baby pudesse explorar com toda a liberdade todo aquele mundo encantado de sensações. Sem regras, sem indicações, sem nada; apenas ele e sua curiosidade.
E foi assim praticamente toda a brincadeira. Ele me viu separando as canecas e os objetos, e mesmo tendo a ideia do que ia acontecer na sequência, foi uma surpresa quando coloquei tudo na sua frente. Muitas brincadeiras podem dar super certo apenas com a encenação da produção, porque a criança se envolve emocionalmente com aquilo que está sendo apresentado e o simples, torna-se mágico.
Aos poucos o Tatá foi pegando cada caneca, descobrindo e explorando seu conteúdo. A variedade e até a quantidade é muito importante, porque quanto mais oportunidade a criança tem de sentir, ouvir, ver, cheirar, tatear, maior será a diversão e melhor serão os aprendizados que ela pode adquirir.
Conforme o Tatá virava o conteúdo de cada caneca, a possibilidade dos seus 5 sentidos de assimilar diferentes conhecimentos crescia, porque ao mesmo estava acontecendo o seguinte: Ouvia o barulho que os objetos faziam, sentia o cheiro que exalava deles, via como, quando e onde cada objeto estava ou caia, manuseava e percebia as formas de cada um, e o paladar, que nesta brincadeira ficou por conta das avelãs que comemos depois, ou pelos micro grãos da farinha que chegaram na sua boca, também pode ser encarada como estando unido ao sentido do olfato, já que um cheiro remete a uma lembrança que remete a um sabor.
Acostumar as crianças a brincarem com diferentes texturas (e não apenas o poderoso “rei-plástico”), gera criatividade, e isso é muito mais rico que qualquer coisa, já que ocorre um complexo exercício da imaginação, que na criança funciona como meio para desenvolver características do ser individual o do ser social. Para além de ser puramente um divertimento, torna-se, com o tempo, com a maturação, e com as habilidades adquiridas, uma função vital e necessária para viver o presente e o futuro no âmbito da sociedade.
Conforme o tapetinho foi ficando mais e mais cheio dos objetos, o Tatá gostava ainda mais de sentir aquela mistura que estava se formando.
Achar os pequenos grãos de feijões tornou-se uma brincadeira divertida. E conforme o baby coloca de volta na caneca, estava exercitando seus movimentos de pinça.
Transferir os conteúdos entre as canecas também foi outra ação que o Tatá praticou bastante. Sabe o que isso significa para uma criança? Que ela está desenvolvendo partes do seu cérebro que dão conta de dimensões espaciais, já que é necessário mirar para acertar (sem derramar) o conteúdo dos potes.
Outra habilidade interessante, e que esquecemos porque dominamos, é a destreza de trabalhar com as duas mãos ao mesmo tempo. Para nós é fácil (ou não!), mas para eles ainda é algo que precisa de prática para aperfeiçoamento. O Tatá se dá bem fazendo duas coisas ao mesmo tempo, principalmente quando essas coisas são bem interessantes e convidativas para tatear!
Quando ele virou a caneca das flores, ficou um bom tempo observando-as, mesmo tendo a árvore disponível no quintal e vendo-a todos os dias. Isso ocorre porque agora elas estão em outro contexto, essa é a vantagens de apresentar as brincadeiras de jeitos distintos. Sempre ocorrerá a novidade!
Tateou, olhou…
E cheirou as mimosas lanternas chinesas.
As farinhas também foram ótimas estimuladoras de transferência de conteúdos. Fazia um barulhinho bom!
As conchas funcionaram como ativadores da audição.
Porque neste momento pedi ao baby que as colocasse na orelha para ouvir o barulho do mar. Como haviam várias, ele gostou da descoberta e repetiu diversas vezes.
O carvão foi um dos últimos itens a ser descoberto. Ficamos mais de uma hora nessa brincadeira. O importante é sempre a mãe/pais estar junto. Até a criança mais pequena tendo a companhia do adulto fica mais e mais tempo concentrada e entregue à brincadeira.
Falei para o Tatá que o carvão servia como um giz, e o pequeno foi logo pondo em prática o novo tipo de pintura.
Quando todas as canecas estavam vazias, ele queria pegar os feijões novamente. Então apresentei a possibilidade de usar a peneira, e essa sugestão permitiu que o baby pudesse perceber que: os objetos grandes não passam pela peneira, apenas os muito pequenos. E assim teve sua primeira aula de ciências na temática do “Processo de separação de misturas heterogêneas”.
Obviamente que o baby amou a aula!
O feijão e o arroz ficaram perdidos, não foi possível sua reutilização. O quintal ficou com farinha para todos os lados, e agora as canecas de bambu tornaram-se posses do Tatá. Entretanto, foi uma tarde deliciosa de brincadeiras. Então, porque não mamãe?
Recado para o Tatá: Meu amor, o que dizer…é sempre bom, muito bom ver que muitas coisas que você está vivenciando pela primeira vez na sua vidinha linda foram proporcionadas pela mamãe. Te amo.
Que ideia maravilhosa!! tentarei fazer aqui em casa!!! Nem que seja em copos plasticos,,,rsrrs
ResponderExcluirQue ideia maravilhosa!! tentarei fazer aqui em casa!!! Nem que seja em copos plasticos,,,rsrrs
ResponderExcluirCom certeza Priscila, a ideia está dada, mas é necessário sempre adaptar ao que se tem em casa! Sua boa brincadeira para vcs! Bjs
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