Em algum momento uma horta fará parte da sua vida. Simplesmente porque as crianças amam pôr a mão na terra, mas não necessariamente que elas apenas desejem o lado sensorial dessa atividade, o desejo maior é pela ação do plantar e principalmente, a possibilidade de ver o nascer daquilo que foi semeado.
A brincadeira de hoje tem um gostinho todo especial para mim, mãe/pedagoga porque o Tatá entrou em outra fase. Até então as atividades eram propostas por mim, mas esta quem sugeriu (aliás, insistiu) em fazer foi o baby. Sempre tive um olhar atento ao meu filho propondo atividades que ele demostrasse de alguma forma estar “à fim” de fazer, mas esta foi a primeira vez que conscientemente houve seu interesse e seu pedido.
Quando uma criança pedir à você para conhecer o mundo, (por favor!) jamais deixe esse desejo de lado, se não der na mesma hora para saciá-la, mostre em outro momento aquilo que lhe é curioso, porque só assim se desenvolve um “espírito científico” na criança. E sabe o que essa “pequena grande ação” pode render? Um “pequeno cidadão” com alta-estima, com confiança, com respeito por si e pelo outro. Por que quando uma mãe ou um pai ajuda seus pequenos a se encantarem com suas descobertas nasce uma nova humanidade, que compreende a linguagem da natureza e pode se relacionar bem melhor com ela. Quando uma criança é questionadora, dificilmente será enganada na vida, porque terá o senso crítico como princípio norteador. Entretanto, a capacidade de analisar para comparar e então realizar só vem com o treino, e isso ocorre desde cedo.
Voltando à atividade, vou contar como foi que aconteceu: Estávamos num dos poucos momentos de telinha, e ouvíamos músicas infantis. Quando o “You Tube” parou sua apresentação, na tela principal havia um galo bonito. O Tatá ficou maluco com o bicho e pediu para ver. Eu conhecia apenas de nome os programas do “Baby Einstein”, mas ainda não tinha visto, e para minha surpresa era o tal “filminho”. Que graça, super produção para bebes, onde com muita classe é apresentado alguns temas. Esse em questão era sobre a fazenda https://www.youtube.com/watch?v=x-V8aAQZ0Q0 . Quando chegou uma cena onde três crianças plantavam milhos o Tatá enlouqueceu, saiu correndo na mesma hora para o quintal pedindo para fazer o mesmo. No mesmo dia não foi possível, mas foi quase impossível tirar isso da sua cabecinha dele. A semana foi terminando e nada do pequeno esquecer. Então finalmente com um dia bonito de sol (mesmo estando frio e o baby ainda se recuperando de uma gripona), fomos plantar os milhos e mais algumas coisinhas que eu tinha em casa.
Separei uns saquinhos. Tínhamos rabanete, brócolis, tomate, girassol, e os milhos.
Levei o Tatá para o canto dos vasos (que prometo a mim mesma desde antes da gravidez que ia arrumar tudo e deixar minhas plantas lindas! Hã-hã! Super consegui! kkk).
Ali expliquei para o baby que precisávamos pegar muita terra adubada para colocar na sementeira. Ele fez com o maior gosto!
Aos poucos foi preenchendo as casinhas da sementeira. O legal foi ver que ele entendeu e conseguiu realizar a ação de colocar um pouco de terra em cada buraco.
Então pegou alguns grãos e despejou dentro das casinhas que já tinham terra.
Dentro do processo expliquei que precisava cobrir com mais terra para que as sementinhas pudessem ficar bem quentinhas e iniciar seu período de gestação (Assim como o Tatá teve um tempo na barriga da mamãe antes de nascer!)
Cada potinho de terra que ele conseguia encher era uma festa. Essa atividade também foi ótima como “educação física” porque ele subiu e desceu várias vezes do banco para pegar mais e mais terra.
Quando a terra era colocada numa nova casinha, ele precisava fazer um buraquinho para a semente.
E plantou mais milhos. Não há problema nenhum em colocar mais que um grão em cada buraco, aliás, é necessário para garantir que algum dentre eles germinará.
Na vez do tomate, rasguei o saquinho e mostrei para o Tatá como aquela sementinha era bem diferente com os grãos dos milhos. O tamanho, a cor, o formato, o cheiro, tudo isso eu expliquei, de forma bem tranquila, porque o ritmo deve ser de festa e de descobertas.
Ele não conseguiu dividir o conteúdo dos saquinhos por cada cinco casinhas, mas obviamente que isso não foi problema algum, e ainda ajudou a explicar o conceito de divisão, porque só assim seria possível nascer um tomatinho em cada casinha.
O segundo saquinho (do rabanete) ele mesmo pediu para abrir, então só rasguei a embalagem inicial para que pudesse fazer o restante sozinho.
Outras questões trabalhadas foram: o conceito de “ponta”, “meio”, “primeiro”, “segundo”…"quinto”. Pedia para ele colocar no meio da sementeira, ou na terceira casinha. Mesmo sendo abstrato em alguns momentos, ele finalizou essa brincadeira sabendo com certeza o que é o meio de alguma coisa ou as suas pontas!
Depois foi a vez da água, e que felicidade para o Tatá.
Neste hora ele resgatou o “Baby Einstein”, falando que estava molhando igual as crianças. Isso é muito significativo para ele (e para mim).
Como tínhamos mais sementes e apenas uma sementeira, peguei alguns vasinhos de violeta e continuamos nossa horta.
Foi a vez dos brócolis e girassóis.
E claro, mais água.
Depois de tudo plantado perguntei se ele sabia exatamente o que havia dentro de cada potinho. Foi falando aleatoriamente o que havíamos plantado. Para não gerar confusão, e ficar mais didático (e legal obviamente), convidei o Tatá para fazermos uma plaquinhas de identificação.
Dei duas folhas e ele “desenhou” tudo o que havíamos feito no quintal. Isso em pedagogia chama-se “registro”, que é uma forma de fixação do conhecimento vivenciado. Quando as crianças desenham podemos ver o que foi mais significativo e assim trabalhar com mais profundidade esses conhecimentos, quanto aquilo que não apareceu nos desenhos, ou seja, o conteúdo que não ficou bem assimilado, o registro também pode ajudar o adulto sobre o que fazer, e como fazer, quando chegar o próximo passo.
Cortei o papel desenhado em pequenas tiras, usei grampeador e uns palitinhos de churrasco e pronto, fomos classificar nossa horta.
Fiz grupinhos de palavras e apresentei ao baby os “desenhos das letrinhas” do rabanete, do tomate, do girassol, do milho e do brócolis.
Agora temos que trabalhar a paciência, o Tatá principalmente. Todos os dias vamos ver a plantação, quando é necessário ele coloca água, e quando chegar o momento iremos transplantar nossas hortaliças e flores para poder comer uma comida saudável e ter belas flores enfeitando a casa.
Dá trabalho ajudar o filho a crescer? Noooooosa dá sim! Mas o que é preferível, um filho “obediente” no sentido ruim da submissão, ou um filho questionador, no sentido de investigador com autoridade do mundo? Então, porque não mamãe?
Recado para o Tatá: Filho já me disseram que eu ainda vou ter muito trabalho com você e que não irei “dobrá-lo” fácil. Mas quem disse que é isso que eu desejo para sua alma? Te amo! Te amo! Te amo!
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