O Tatá é um típico “Manezinho da Ilha”, nome dado carinhosamente a todos os nascidos na Ilha da Magia, ou se preferirem, Florianópolis.
Ama pirão de peixe, camarão e boi de mamão. Em todos os lugares públicos você sempre pode esperar uma apresentação do folclore típico da “Ilha do Desterro”.
Dentro da história do Boi de Mamão há diversos personagens: cavalo, cabra, Maricota (aquelas bonecas gigantes), Bernúncia (um tipo de “serpente chinesa” onde há várias pessoas dando vida ao bicho), urso, etc..
O Tatá tem um Cd (já todo riscado) que várias vezes na sua pequena vida, às 6h da manhã colocava para escutar e ficar feliz (e o papai infeliz claro...kkkk).
Finalmente chegou o dia de fazer o seu boi.
Peguei uma caixa de papelão e fiz um buraco dentro. O baby ficou responsável por todo o processo e foi logo tratando de passar a cola na caixa.
Passar “em toda a caixa” ainda significa passar “assim, assim”! Por conta disso tive que fazer uma revisão para que o pano ficasse colado em toda a superfície.
Pedi que alisasse o tecido para fixar na caixa. Usei somente feltro em todo o boi.
Para montar a cabeça do bicho usei um retalho de esponja. Desenhei num papel branco que coloquei por cima, e com uma caneta fui fazendo força para deixar as marcas da figura impressa.
Daí por diante o boi foi só do Tatá.
Ele escolheu pintar de amarelo a cabeça do animal.
Deixamos secando por um dia e depois continuamos na arte. Só isso já foi suficiente para o pequeno ficar super feliz e brincar com as partes separadas do boi, imaginando as histórias do folclore local.
No dia seguinte foi a vez de fazermos “manchas” no boi. Isso porque no primeiro dia, antes de começar a atividade/brincadeira, vimos imagens de bois reais para ele compor sua escultura. Vimos animais de todas as cores e tipos. Com isso ele decidiu fazer um boi com manchas, mas também tinham que ser amarelas!
Cortei pedaços de feltro, deixei a cola, miçangas e brilho para o baby se divertir.
De um em um ele ia colocando para secar.
Claro que algumas manchas ficaram com pouco brilho, enquanto outras ficaram cheias do pó colorido. Essa brincadeira desenvolve noções de medidas e proporções ao espalhar um material sobre o outro.
E por falar nisso, essa atividade não trata somente das questões do folclore. Ali naqueles momentos o baby estava praticando habilidades diversas como : firmeza e destreza ao segurar o pincel; estética ao escolher cores e materiais para compor o boi; matemática, ao perceber que as manchas possuem tamanhos distintos; português quando adquire novas palavras para seu vocabulário; equilíbrio e coordenação nos momentos de dança com o boi; paciência por esperar todo o processo que levou alguns dias; noções de começo, meio e fim (da sua escultura); ação e reação, quando a cola molhada seca no seu dedo; química também dentro da ideia da cola que, de líquida fica “sólida” ao colar um objeto no outro. Enfim, os ganhos são vastos e ricos no desenvolvimento criativo do mundo dos pequenos.
O rabo (que desta vez só podia ser amarelo mesmo porque não havia outra cor disponível em estoque), foi feito com um plástico colorido, que fixei com grampeador.
O baby precisa ainda de muita força para fazer a cola sair da bisnaga, mas isso é ótimo para trazer a noção e o exercício de potencialidade das suas mãos.
Muito brilho ficou espalhado pela edícula, por isso é bom ter uma quantidade interessante para fazer a atividade, assim não há miséria e o boi agradece!
Mas quando tudo acabou o baby foi pegando do chão para preencher as manchas que não estavam prontas segundo seus critérios.
É importante que nos momentos de arte o adulto não interfira para deixar tudo “bonitinho”. A criança sabe quando faz algo sozinha ou quando é o adulto que está fazendo para ela (não me refiro aos momentos de trabalhar com instrumentos perigosos como tesoura, estilete, grampeador, etc.), além do que, para a criança o belo está em fazer, em acontecer, em ser!
A criança com o tempo formará seu próprio estilo, preferências e estética. Deixá-los livres é a melhor escolha para não poluir ou manchar a criatividade do pequeno ser em formação. Para tanto é preciso que o adulto abra mão da sua necessidade "egoica" de comandar os desejos da criança. Mesmo sendo referência para nossos filhos, não somos donos da verdade. E sim, eles podem ter gostos completamente diferente dos nossos. Afinal são outras pessoas não é mesmo?
Num terceiro dia, o Tatá quis pintar novamente a cara do boi, desta vez de branco.
Pintou bastante com o pincel, e depois deixou-o de lado para usar as mãos. Super normal, porque na arte não existe regras, nem certo ou errado! Nunca insisto com ele em pegar o instrumento porque as necessidades de coordenação motora também acontecem de outras formas.
Sim, o baby se delícia com isso e mais ainda em pintar a mamãe disponível ali do lado.
Era preciso colocar os olhos e bocas com o boi seco, mas ele não queria esperar mais, estava louco para brincar.
Peguei cola e o danado colocou os olhos exatamente nos lugares correspondentes. Um ótimo sinal de composição e entendimento facial.
Cortei a boca e ele foi logo dando um jeito de colá-la.
Perguntei se estava legal, então ele disse que faltava uma língua e um nariz!
E depois, sem esperar mais nada foi logo vestindo o boi (que foi fixado um cordão de isopor velho e grampeador).
Para quebrar o “protocolo do blog”, estou disponibilizando a farra do Tatá assim que coloquei a música!
Vários dias de atividade, edícula interditada por tanta bagunça, mas o filho mega feliz por ter finalmente seu boi. Por que não mamãe?
Recado para o Tatá: Demoramos para montar um boi, mas agora fica tranquilo porque vou atender sua solicitação de montarmos também um cavalinho, bernuncia, maricota, etc., etc., etc......Te ver feliz não tem cansaço que domine. Te amo.