Numa tarde fria sempre dá vontade de comer pipoca e ver um filme debaixo da coberta, mas com criança espoleta em casa esse tipo de programa é furada, então prefiro inventar alguma coisa mais interessante para o Tatá fazer, assim ele fica feliz, aprende alguma coisa e a preguiça da mamãe sai voando com o vento sul.
Como tenho na edícula um estante só com reciclados e mil coisas para esses momentos divertidos, rapidamente separei alguns itens: areia azul, areia colorida que restou de outras atividades, serragem, algodão e casca de ovo. E do quintal vieram as flores: lanterninha chinesa e maria-sem-vergonha. Mas tudo isso só surgiu como ideia depois que olhei no canto dos papéis e vi umas sobras de papel contact. Com tudo pronto chamei o baby para pegarmos um ventinho na frente da casa.
Primeiro mostrei para o Tatá que o papel era bem diferente, era grudento. Colocamos as mãos algumas vezes para que ele pudesse compreender o conceito, e depois disponibilizei a bandeja mostrando todos os itens que ele poderia colocar ali para fazermos um quadro diferente.
Como a areia colorida está sempre presente nas nossas brincadeiras ele foi imediatamente manipulá-la e distribui-la no papel.
Na sequência se interessou pelas flores, mas não teve muita paciência para colocar uma de cada vez, o que gerou um montinho delas em um único canto.
Depois foi a vez das cascas dos ovos, que deu um efeito bem legal no papel. Eu pedia para o Tatá fazer “muita força” para fixar cada pedacinho, mas sendo eles bem pequenos sua mão pegava vários de cada vez.
Mesmo que as crianças não consigam realizar determinadas ações, o seu interesse é sempre grande, por isso o treino ocorre de qualquer forma, então basta dar a oportunidade que os pequenos se encarregam de apreender as experiências e progredir nas habilidades conforme as necessidades do momento.
Como o vento estava presente, várias folhas grandes apareceram por ali, o que fez o Tatá desejar também colocá-las no seu quadro. Isso é bem bacana porque demonstra que o inusitado está sendo percebido e trabalhado nas resoluções das situações. É a improvisação ganhando vida na sua história.
Da mesma forma o vaso com terra que eu havia colocado apenas com a intenção de segurar o papel para não voar tornou-se um dos elementos principais do seu quadro. Nem a mamãe tinha pensado na utilização da terra. É ótimo quando a criança percebe possibilidades e tem a liberdade para criar e experimentar sem ser podada.
O Tatá sabia que havia mais elementos para serem usados, mas só quis usar o algodão quando este saiu voando e tornou a brincadeira um corre-corre atrás do leve e macio “pompom branco”.
E aos poucos foi usando de tudo, e espalhando na folha grudenta sua arte de menino.
Como a brincadeira sensorial é sempre algo profundo e meditativo, resolvi guardar o quadro para que pudesse livremente brincar por mais tempo com a terra, folhas, cascas, etc.
Depois que tirei o excesso do papel contact ele ficou assim, um belo quadro para moldurar, e para que os elementos não saiam com o tempo coloquei outra camada de papel por cima.
Ficamos gelados com o vento sul? Sim! Muitas coisas saíram voando e tive que correr bastante para pegá-las? Sim! O baby ficou com o nariz gelado? Sim! Mas ficamos com nossos corpos totalmente alertas, dispostos e cheios de vida por brincar no frio? Claro! Então, porque não mamãe?
Recado para o Tatá: Meu amor, as vezes a mamãe está com aquela preguiça, sem vontade de nada, mas fico feliz por você “exigir a presença das minhas energias”, só assim tomo coragem para fazer atividades físicas no frio com você. Te amo.
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