Estava no mercado público da cidade quando me deparei com uma loja de produtos para pintores profissionais. Não tive dúvidas, entrei na mesma hora porque o Tatá está super pronto para dar outro passinho na sua vida de artista/arteiro! Comprei telas, tintas e giz pastel para começar. Como o Tatá ainda não tem um cavalete profissional vamos usando o aparador de livros do papai. (ah, é segredo viu, ele não sabe!)
Antes de começar a preparar tudo, expliquei para o baby que ele iria pintar um “quadro de verdade”, “de pintor profissional”, igual aos quadros que a mamãe tem pendurados na parede. Bastou dizer isso e ir pegando a tela, que o pequeno ficou totalmente eufórico!
O giz pastel é ótimo porque mesmo não sendo duro ele não quebra fácil, e como é super baratinho dá para comprar diferentes nuances de cores, assim o baby pode assimilar outros tons das cores primárias e com isso ir enriquecendo seu mundo de conhecimentos.
Conforme o Tatá ia pegando uma giz eu dizia qual era a cor, o resultado é que depois desta atividade/brincadeira ele reconhece objetos azul escuro e distingue do azul claro, por exemplo. Além do verde musgo do verde claro, ou o rosa claro do vinho. E assim por diante.
De fundo tínhamos como trilha sonora música brasileira “das antigas” (Leila Pinheiro, Geraldo Azevedo, Ney Matogrosso, entre outros). Arte e música é o casamento perfeito para levar os pequenos ao reino da criação.
Com isso, o Tatá ficou super concentrado o tempo inteiro. Às vezes ele se levantava do seu sofá reciclado para pintar a parte de cima do quadro. O que é um ótimo sinal de percepção do espaço vazio como possibilidade para a materialização dos seus riscos intuitivos.
Ele usava um giz, e depois pegava outra cor, no entanto, por várias vezes ele repetiu as mesmas cores, como dando a entender que havia uma preferência para que o quadro ficasse com um certo “clima de tonalidades”.
Houve momentos de pura entrega à arte, quando ele se expressava ao conquistar determinados efeitos no quadro. Eu não perguntei durante o processo da pintura o que ele estava fazendo, para não atrapalha-lo, apenas no final quando ele me disse que estava pronto! É interessante que no momento de entrega da criança ela não seja interrompida no seu processo criativo para não perder a sequência que está desenvolvendo em sua mente. No entanto, isso não significa que seja “proibido” falar com os pequenos (como no caso de estar sinalizando as cores dos gizes!)
Quando ele levantou o quadro achei que tinha terminado sua obra. Sua expressão foi de “Óh!”. Mas rapidamente ele colocou o quadro no aparador, voltou a se sentar e deu continuidade na obra.
É bem legal contextualizar as brincadeiras antes de começá-las, ainda estou iniciando o Tatá nessa metodologia para não influenciar os resultados de suas descobertas. Com o tempo mostrarei para ele os diferentes estilos artísticos, a vida dos pintores e suas obras. Porém, por enquanto o que realmente importa é o baby poder conhecer e explorar de forma sensorial os objetos e ficar livre para interpretar o mundo conforme seu desejo.
Certa hora, disse que sua mãos estavam bem carimbadas dos gizes, ele como numa ação de “assinar sua obra” “limpou” a mão na tela.
Quando não estava mais interessado em pintar, ele começou a brincar com o giz, então nesse momento propus que guardasse para usar novamente em outras oportunidades.
Com a tela pronta, questionei o que havia pintado, assim em maio de 2013 o Tatá criou:
TÍTULO: A BALEIA
TÉCNICA: GIZ PASTEL
AUTOR: TALES MONRAT
E ficou lindo pendurado ao lado do quadro da mamãe. Essa ação de deixar à vista no ambiente mais importante da casa é muito significativo para a criança, ela vê que sua obra foi valorizada, e isso não tem preço!
Ficamos uma manhã inteira só curtindo essa brincadeira com a casa toda desarrumada. Mas isso é uma questão de escolha que a mamãe faz com bom gosto! Não custou praticamente nada e nem deu trabalho nenhum. Então, porque não mamãe?
Recado para o Tatá: Meu amor, amei ver você curtindo pintar seu “quado pofissionaaal”. Legal também foi ver a noite, quando o papai chegou em casa, que a primeira coisa que você fez foi correr e mostrar sua obra de arte na parede. Ah, que fofo! Te amo!